Comida quentinha
Não importa se é uma canja ou canjica, um prato de feijoada ou uma bela macarronada, esse tipo de prato além de te aquecer, te abraça.
Quando penso em comida quentinha, logo penso em fondue. Poderia vir na memória caldos e sopas, ou então os mais diversos tipos de lamens, mas é o fondue que ocupa esse lugar. Culpa, por mais improvável que pareça, de uma infância morando em cidades calorentas do interior de São Paulo.
Como a família sempre foi grande, a solução que cabia no bolso dos meus pais para entreter os quatro filhos nas férias escolares, nos anos 90, era programar viagens de carro por cidades turísticas do Brasil. Se fossem férias em janeiro, o destino era a praia. Agora, se fossem as de julho, o destino era sempre algum lugar turístico pra passar frio e comer fondue.
Não lembro qual dessas cidades turísticas foi a culpada pela moda de fondue em casa, mas um belo dia apareceu uma panelinha e um rechaud na cozinha, e era só passar uma frente fria na esquina, que a mesa já estava posta, aguardando a família para mergulhar o pão na mistura de queijo derretido e vinho branco.
Muitos anos depois, fiz uma viagem até Canela (RS), coisa de uns quatro dias, o suficiente para sobreviver aos Cafés Coloniais e ser atropelado por uma “Sequência de Fondues”.
Para quem não sabe, a sequência de fondues saiu da mente perturbada de algum comerciante, que achou normal a proposta de um ser humano ser capaz de se empanturrar de pão besuntado de queijo derretido, seguido de filezinhos de carnes fritos na hora na gordura e “chuchados" em molhos diversos, e depois ainda achar um espaço para mergulhar uvas, morangos e outras frutas em panelas de chocolate derretido.
Outra comida quentinha gosto muito de lembrar é da canja de galinha. É só falar o nome dela, que qualquer sinal de resfriado já some na hora. Quando morei em Presidente Venceslau (SP), era tradição no carnaval as pessoas se reunirem na casa de alguém, para mandar aquela canja quentinha na madrugada, pós baile, para ir dormir gostoso e revigorado para a folia do dia seguinte.
Mas a canja não é só reservada aos enfermos, basta lembrar que em qualquer “buffet de sopas” de padaria ou restaurante, lá está ela, reinando absoluta, enquanto sopas e cremes variados, que vão do palmito à abóbora e cenoura, tentam chamar a atenção dos clientes. Aqui na cidade de São Paulo, gosto muito de ir no Pé no Parque, próximo ao Parque do Ibirapuera. O creme de abóbora com queijo azul de lá é gostoso demais.
Óbvio que o repertório de comidas quentinhas foi aumentando ao longo dos anos. Sopas e caldos diversos, tacacá com tucupi, feijoadas, aquele pratão de nhoque que derrete o queijo ralado quase instantaneamente, uma lasanha gratinada e borbulhante saindo do forno, a canjiquinha (ou munguzá) quentinha e polvilhada com canela na quermesse do bairro, todas elas em algum momento já me aqueceram em alguma refeição.
Quando o frio aperta aqui na capital paulista e a preguiça de fazer uma sopa bate, sempre apelo para algum prato indiano, ou então lamen. Dos restaurantes indianos, gosto muito do Tandoor, Reet Namaste e Samosa & Company, mas o meu favorito mesmo é o Bawuarchi, na rua Humberto I, pertinho do Sesc Vila Mariana. Um Chana Masala acompanhado de Butter Naaan aquece até o mais gelado dos corações.
Já quando o assunto é lamen, a dificuldade é encontrar alguma receita vegetariana ou vegana. Se esse for o seu caso, indico dois lugares que conseguem fazer um lamen muito gostoso: Izakayada e Lamen Açu.
Ambos usam a pasta de amendoim para dar aquela encorpada no caldo, mas o meu preferido é o Lamendoin do Izakayada, um dos balcões mais legais da cidade.
Agora, se você não quer ser pego desprevenido pelo frio, sugiro ter em casa algumas dessas caixinhas com curry, que você encontra facilmente em qualquer loja de produtos orientais e no Mercado Livre. Refogue os legumes, joga um tablete desses, que vai deixar tudo cremoso e cheiroso. Depois é preparar um arroz quentinho, e pronto, você tem belíssimo Karê Raisu.
E, para finalizar, uma receita que é sempre sucesso aqui em casa. Fuçando entre as mais de duas mil opções de comidas das mais variadas regiões da Itália, encontrei no obrigatório livro “The Silver Spoon” uma receita de “Pasta e Ceci", uma saborosa e quentinha sopa de grão de bico, tomate e macarrão do tipo orichietti.
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Que delícia essa edição, volta frio!!
Sou muito influenciável. Lá vou eu entrar no ML pra comprar um Golden Curry.