Quiabo
No espeto, assado, refogado, frito ou ensopado, não há quem resista a um prato bem preparado com quiabo
Eu sempre torci o nariz pro quiabo. Não importa qual fosse o preparo em casa, lascar uma colherada em um refogado babento era impensável. Quando era frango com quiabo na casa da avó, lá estava eu, pescando cada um dos quiabinhos e suas sementes para fora do prato. Uma grande besteira.
(Me desculpe, Rita Lobo, por tamanha injustiça com o quiabo)
Com o passar dos anos, o paladar foi melhorando e essa fruta de origem africana (sim, o quiabo é a fruta do Abelmoschus esculentus, o quiabeiro) acabou entrando na minha rotina, primeiro em ensopados em restaurantes mineiros aqui da capital, e depois em Izakayas, em forma de espetinhos deliciosamente tostados e besuntados de manteiga com missô.
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Mas apesar dele estar disponível praticamente o ano inteiro nos cardápios, a sua melhor época é de janeiro a março, quando estão graúdos, verdinhos, lotando as barracas das feiras, amarrados em dúzias ou separados em pequenas bacias. Na hora de cozinhar, se não quiser a baba, é só cortar as pontas do quiabo e deixá-los de molho na água com limão por 30 minutos antes.
Como já disse no começo desse texto, os meu lugares preferidos para comer um bom quiabo na brasa na cidade são os Izakayas. Aqui na região de Mirandópolis, o Omoide Sakaba, na Rua Luís Góis, 1574, é onde bato ponto pelo menos uma vez no mês comer um quiabo tostado, quase desmanchando de tão macio, temperado apenas com sal. Acompanhado da Potemayo da casa, fica uma maravilha.
Ainda na Rua Luís Goís, no número 1106, o Bao Hut também capricha no preparo do quiabo. Cortados na medida, empanados e fritos, acompanha maionese de missô com limão e cebolinha.
Outro que vale a visita é o Yakitori, ali na Avenida dos Carinás, 93, em Moema. Antes isolado e difícil de chegar, agora ele está rodeado de novos prédios cafonas e com uma estação de metrô (Estação Eucaliptos, Linha 5-Lilás) a duas quadras da porta. Se conseguir, pegue um lugar no balcão, cara a cara com a churrasqueira, e veja o espetinho de quiabo tostando lentamente na sua frente até chegar no seu prato, pincelados com manteiga com missô.
Para quem prefere um pratão bem preparado e cheio de sustança, os restaurantes mineiros nunca decepcionam. O meu favorito aqui perto de casa é o Restaurante Graça Mineira, Rua Machado Bitencourt, 75, Vila Mariana, que prepara uma quiabada generosa, daquelas que atravessam o salão fumegando e permanecem borbulhando na sua mesa durante um bom tempo.
Já para os lados do Sumaré, o Congolinária, na Avenida Prof. Alfonso Bovero, 382, sobreloja da Fatiado Discos, reserva no cardápio o Kuku, um acarajé servido na cama de quiabo refogado na mwamba (pasta de amendoim), acompanhado de arroz branco cozido no suco de gengibre e chips de batata doce.
E quando o orçamento raramente permite, gosto muito de ir no Quincho, na Rua Mourato Coelho, 1447, Vila Madalena. Os Quiabos Tostados no forno são servidos com molho de inspiração oriental, com base de pimenta coreana gotchujang vegetais, frutas e muito tempo de forno e finalizados com cebola crispy, paçoca de semente de coentro e folhas de shissô. Um espetáculo.
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