Costumo dizer que a sobremesa, ou docinho, não é o vilão do cardápio daqueles que se preocupam frequentemente com as calorias das refeições. O docinho, veja bem, é um grande injustiçado, é o bode expiatório dos glutões ingratos, isso sim.
(Desalmados aqueles que amaldiçoam um docinho desses depois de uma feijoada. Foto: Receitas Agora.com)
O sujeito manda uma feijoada guinchando de tanta gordura, belisca uns dois torresmos, seca a couve pingando manteiga na farofa de bacon, mas quando o garçom chega oferecendo aquele “doce de abóbora” de sobremesa, logo o ingrato solta: “Nooossa, não! Docinho é um pouco demais, né?”.
Eu me incluo aí nesse time de ingratos. Foram incontáveis as vezes em que me empanturrei durante um almoço e coloquei a culpa no pudim. Um sacrilégio, tendo em vista que sobremesa em casa sempre foi coisa séria.
(Essa foto do Quitutes da Mama ilustra bem a ignorância que é uma fatia de um bolo de Carolinas recheadas)
Minha mãe, por exemplo, adora pegar receitas de sobremesas faraônicas e testar com os filhos. Um dos sucessos da Dona Conceição é o famoso Bolo de Carolinas. Ela encomenda “carolinas sem recheio", prepara um creme de sonho, recheia uma a uma, monta uns 4 andares e cobre com duas camadas crocantes de chocolate preto e branco. Uma delícia.
Com o tempo fui aprendendo a comer os mais diversos tipos de sobremesas, algumas delas nem tão doces, outras meio salgadas. Isso mesmo, salgadas. Foi o caso do pão agridoce de queijo e alho da hypada We Coffee.
(O sujeito que inventou essa iguaria do We Coffee devia estar numa larica monstruosa, certeza.)
Ao invés de ficar plantado mais de uma hora na fila de uma das unidades, pedi no delivery e aguardei pacientemente durante quase duas horas. Vou te falar que até agora não sei classificar o “pão com queijo” deles como salgado ou sobremesa. Só sei que gostei.
(Pudim da Pizzaria e Lanchonete Real, “aquela padoca do lado da antiga MTV", um dos meus favoritos aqui da cidade de São Paulo. Foto: Juliana Olivette/Google Maps)
Agora, vamo falar dos pudins. Há quem prefira os pudins furadinhos, outros preferem os mais lisinhos. Eu prefiro todos, dos mais elaborados àqueles massudos, que ficam “maturando” nas vitrines das padocas. Mas, antes que se instaure uma briga aqui sobre qual é o melhor pudim, sugiro ler a entrevista da comunicóloga e antropóloga Joana Pellerano para o Fogo Baixo, newsletter obrigatória da jornalista Flávia Schiochet, para você entender que até o mais simples pudim não é tão simples assim.
Mas, a minha atual paixão gastronômica são os doces de confeitarias orientais. Uma história que não começou tão bem, confesso, por culpa de um paladar pouco apurado. Fui todo empolgado lascar uma mordida num Yaki Manju, jurando que o recheio era de chocolate, e veio aquele gosto que eu não sabia explicar. Quando me falaram que era doce de feijão, o nariz torceu forte, e permaneceu assim durante muitos anos.
Foi em uma feirinha ali no Bairro da Liberdade que provei outra iguaria recheada com anko (doce de feijão azuki), dessa vez um Fukashi Manju, feito no dia anterior, fresquinho e fofinho. Me apaixonei forte.
Daí em diante, passei a mergulhar nesse mundo da confeitaria oriental. Os doces são equilibrados, com açúcar na medida, leves, suaves e muito, mas muito bonitos mesmo. Impossível não bater o olho em uma vitrine e não querer levar todos.
Enquanto sigo explorando esse novo mundo, listei abaixo as minhas confeitarias, cafés e docerias favoritas até o momento:
A Hanami entrou na minha casa, na minha vida e parece fazer milagre a cada doce anunciado em seu perfil no Instagram. Esse Choux Cream de caramelo de missô é incrível, sério. Se for pedir, aproveita e pede o de Banoffee também.
Mapu
Não existe limites para o Mapu quando o assunto é Choux Cream. Toda semana eles lançam um sabor novo. Já teve de creme de maracujá, de acerola, de laranja com amêndoas, e agora esse aí da foto, com muita, mas muita manga.
Ricardo Takashi
Não à toa o Ricardo Takashi chama sua confeitaria de atelier. Olha só esse cheesecake de matcha, acompanhado de uma delicada caldinha de chocolate branco e mais matcha. Os pedidos podem ser feito lá no perfil dele do Instagram. Vale a pena.
Sempre quis experimentar os doces da We Coffee, mas as filas quilométricas das duas unidades aqui em São Paulo, desencorajam qualquer pessoa que tenha bom senso. O jeito foi pedir no delivery e esperar pacientemente em casa. Além do pão agridoce, vale a pena pedir o Danish de Manga aí da foto.
Todas as guloseimas dessa cafeteria no bairro da Liberdade valem a pena. Além de saborosas, elas são tão bonitas, mas tão bonitas, que dá até dó de comer. Olhe bem para o Bilsinh (foto), o mousse de caramelo e avelã mais bonitinho que você já viu.
Outro lugar que vale muito a pena ir é nessa cafeteria coreana, localizada ali no bairro do Bom Retiro. Não deixe de pedir os deliciosos anpan, pãezinhos recheados com feijão doce.
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